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março 13, 2019 por Cris Mathias

Heavy metal e a pós modernidade

Heavy metal e a pós modernidade
março 13, 2019 por Cris Mathias

Entenda como algumas canções de heavy metal têm uma intrínseca ligação com conceitos da modernidade líquida.

Nascemos ontem, mas os avanços tecnológicos e sociais já ditam o nosso rumo para os próximos anos; contudo, a arte sempre antevê todos os possíveis caminhos que envolvem a nossa condição.

O heavy metal como expressão artístico-cultural, já demonstrava toda subversão e contrapontos a estes possíveis destinos.

A pós modernidade, conceito criado, difundido e abolido pelo próprio Bauman, sociólogo polonês, consiste na compreensão de que tudo é, grosso modo, passageiro, a saber: as relações sociais, afetivas e de consumo entre uma infinidade de outros exemplos que demonstram a presença da efemeridade.

Apresento no post de hoje, algumas bandas de Power, Symphonic e Progmetal que foram sensíveis, a priori, a essas concepções teóricas e, captaram a mensagem a fim de transmitir por letras e solos de guitarra.

Falarei um pouco do conceito de modernidade líquida, nas letras e riffs de bandas como Épica, Delain, Helloween, Vision Divine e Pain of Salvation.

Uma das discussões que envolvem, de modo prático, este conceito nos dias de hoje são os laços sociais e afetivos frágeis que formamos ao longo da nossa existência, onde devido aos avanços tecnológicos digitais, foram acentuados os desmanches das relações criadas.

O Helloween, no álbum Keeper of the Seven Keys: The Legacy, de 2005, trouxe a influência da modernidade líquida para uma de suas letras, como é o caso da música Pleasure Drone.

Sou feito para sentir seu humor.
Não há razão para o desespero.
Você pode ouvir os barulhos mecânicos,
quando vou zumbindo pelo ar?
Para lhe animar lhe darei presentes.
Com meu braço retrátil.
Não importa que eu não tenha mãos,
minhas garras não machucarão.

Como no trecho acima, a ideia de uma máquina sendo capaz de satisfazer-nos de alguma forma não é distante da realidade vivenciada. Á exemplo disto, o número de usuários de aplicativos de relacionamento tem indicativos de aumentos relevantes anualmente.

Entrar na web para escolher/comprar um parceiro segue a mesma tendência mais ampla das compras pela internet.

(Zygmunt Bauman, Vida para consumo, p.27)

Uma outra perspectiva que vale a pena ressaltar é a do filme HER, onde um homem se apaixona por um sistema operacional e se decepciona ao saber que não é o único a disputar a atenção do software.

Indo direto ao ponto, trataremos agora da canção da banda de symphonic metal Delain, cuja letra da Generation me traz uma noção de orgulho próprio exacerbado.

Aqui estou com toda minha majestade e não há nada que você não conseguirá ver. Venha eu te darei meu mundo em 140 caracteres. Não tente analisar. Nós somos apenas caminhos para alcançar as estrelas. Você não vê que é a geração eu? Eu não preciso de alguém ou algo. Eu vou fazer isso sozinho […]

Essa canção do Delain, contida no álbum de We are the others, de 2012 dispensa qualquer explicação superior a um tweet. Na letra do Another me, do Epica podemos assimilar uma outra vertente de fragilidade nas relações humanas que é a falta de empatia. Assim como já refletia Bob Marley  do “[…] porque amamos as coisas e usamos as pessoas?” , a banda holandesa de metal sinfônico conseguiu transmitir através da letra e do instrumental o pesar pela ganância humana.

A vida é muitas vezes miserável
Na busca pela felicidade
O poder tão desejável
Eles trazem tanta angústia
A vida é muitas vezes lamentável
Na busca pela bem-aventurança
Se não fossemos tão insaciáveis
Poderíamos ter muito mais do que menos […]

Outro manifesto musical é a canção da banda Vision Divine, cuja musica futurista retrata uma realidade avançada , que corresponde ao ano de 6048, onde a humanidade é literalmente dona do próprio nariz e autosuficiente. Nesse disco conceitual, o niilismo é uma característica chave, mas que atrelada ao conceito de modernidade líquida apresenta um contraponto, onde o imediatismo presente nessa era é superado pela disponibilidade de recursos e escolhas neste outro universo ou mundo ideal.

Nós nos parecemos com heróis caídos, nós não podemos falhar
Vida eterna nos fez esquecer da razão por que nós estamos aqui
Me fale, me fale, onde eu fui
Deus, você não precisa mentir
Olhe em meus olhos
Me fale, me fale o que é amor
Eu não posso lembrar
Meu coração está tão fraco
Aqui em 6048
Todos nós perdemos nossa fé
E nada importa para mim, para nós…

Por fim, temos a banda de metal progressivo sueca, o Pain of Salvation, que aborda também essa linha de pensamento. Na canção Lilium Cruentus, é apresentado um personagem que se questiona do porque não pode demonstrar sua dor e a expressa a necessidade de depositar o sentimento de culpa em algo externo a si .

A vida parece ser muito pequena quando a morte cobra seu pedágio. Eu preciso de algo para culpar por essa dor. Eu tento, Eu falho, Eu caio, como qualquer um que você conheça. Eu quebro, Eu sangro, como qualquer um que você conheça […]

O álbum é um disco conceitual, cujo cerne é a reflexão das nossas ações e os impactos disso no mundo. Vale muito ouvir cada uma das músicas citadas acima, bem como, conferir o trabalho de cada banda e conteúdos extras indicados.

Espero que você tenha gostado do que leu até aqui!

Curta, deixe seu comentário e divida esse artigo do heavyside com mais alguém.

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Cris Mathias
Co-Founder e colunista no Heavyside. Pesquisadora e produtora cultural. Apaixonada por bandas como System Of a Down, Epica e Kamelot.

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